Terras raras: saiba quais os quatro elementos essenciais encontrados na única cidade fora da Ásia a produzi-los em escala comercial
Terras raras: mineradora de Goiás conquista destaque mundial na mineração Disprósio (Dy), térbio (Tb), neodímio (Nd) e praseodímio (Pr). Esses são os qu...

Terras raras: mineradora de Goiás conquista destaque mundial na mineração Disprósio (Dy), térbio (Tb), neodímio (Nd) e praseodímio (Pr). Esses são os quatro elementos magnéticos essenciais de terras raras produzidos pela Serra Verde Pesquisa e Mineração (SVPM), em Minaçu, no norte de Goiás. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), esse feito torna a cidade a única fora da Ásia a produzi-los em escala comercial. “Espera-se que esses quatro ETRs sejam os mais procurados, pois são utilizados em conjunto para fabricar os ímãs permanentes necessários em motores elétricos, turbinas eólicas, aplicações aeroespaciais, para defesa, automotivas, eletrônicos e de energia”, explicou a Agência Nacional de Mineração (ANM) ao g1. Conforme dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o Brasil possui a segunda maior reserva de terras raras do mundo, ficando atrás apenas da China. O país asiático é responsável por mais de 60% da produção global e quase 90% do refino desses elementos. ✅ Clique e siga o canal do g1 GO no WhatsApp 🔍 As terras raras são fundamentais tanto para as tecnologias atuais quanto para as inovações do futuro em escala global, e correspondem a um conjunto de 17 elementos químicos. Eles ganham status de raros devido à dificuldade de separar sua forma pura dos minerais onde se acumulam. Segundo a ANM, os elementos são classificados da seguinte forma: leves: lantânio, cério, praseodímio e neodímio; médios: samário, európio e gadolínio; pesados: térbio, disprósio, hólmio, térbio, túlio, itérbio, lutécio e ítrio. Mineradora Serra Verde explora quatro elementos de terras raras em Minaçu. Arte/g1 Entenda a importância das terras raras De acordo com o professor e doutor em engenharia de materiais, André Carlos Silva, a importância dos “superímãs” de terras raras está relacionada à transmissão energética. Segundo ele, o ímã permanente não precisa gastar eletricidade para gerar energia, já que é composto por neodímio. “Esse ímã está nos fones de ouvido de alta capacidade que nós usamos hoje, nos HDs de computadores, nas turbinas eólicas e também dentro dos motores dos carros elétricos”, completou. Ao g1, o geólogo Silas Gonçalves frisou que a capacidade de cada um dos elementos ainda não é de conhecimento geral da população. “A tendência, com o desenvolvimento de pesquisa, é que cresça cada vez mais [a compreensão] da capacidade que esses elementos têm para poder oferecer para o mercado”, pontuou. De acordo com André, um ponto importante para impulsionar essa realidade no Brasil diz respeito ao investimento e desenvolvimento de tecnologias próprias. Serra Verde ganha destaque mundial Mineração Serra Verde, em Minaçu Divulgação/Serra Verde Em entrevista ao g1, Ricardo Grossi, presidente e diretor de operações da empresa, informou que a Serra Verde iniciou sua produção comercial em janeiro de 2024. Atualmente, a mineradora emprega cerca de 400 pessoas no município de 27 mil habitantes, sendo aproximadamente 72% da força de trabalho formada por moradores da região, de acordo com o Grossi. As atividades da SVPM iniciaram em 2010, quando a empresa apresentou pedidos de exploração à ANM, que abrangeram 23 áreas entre os estados de Goiás e Tocantins, com o intuito de entender o “potencial geológico da área”. Somente em 2017, a Serra Verde conquistou a licença prévia e, em 2018, iniciou a execução do projeto Pela Ema - cuja expectativa é que produza pelo menos 5 mil toneladas por ano de óxido de terras raras. Foram anos de estudo e trabalho até a empresa receber a licença ambiental de operação em 2023 e iniciar a produção comercial no ano seguinte. “A Serra Verde abriga um dos maiores depósitos de argila iônica fora da Ásia, com vantagens competitivas e ambientais devido à natureza do depósito, com impactos ambientais relativamente baixos e situado em uma área de mineração consolidada, próxima à infraestrutura de energia renovável”, afirmou o presidente. Em janeiro de 2023, a Energy and Minerals Group e a Vision Blue Resources investiram US$ 150 milhões na Serra Verde, e, em outubro de 2024, foi anunciado um novo aporte de US$ 150 milhões da Denham Capital, da Energy and Minerals Group e da Vision Blue Resources. LEIA TAMBÉM: TERRAS RARAS: cidade em Goiás é a única fora da Ásia a produzir em escala comercial quatro elementos essenciais AMIANTO EM GOIÁS: entenda a disputa jurídica STF autoriza retomada da extração de amianto para exportação em Minaçu Grossi frisou que esses investimentos viabilizaram o início das operações da Serra Verde na primeira fase. “A empresa está avaliando a fase dois do projeto, que tem potencial para dobrar a produção até 2030, sem comprometer a vida útil da mina, estimada em 25 anos”, ressaltou. Ao g1, o prefeito de Minaçu, Carlos Leréia (PSDB), ressaltou que o investimento da Serra Verde trouxe benefícios para a cidade, que no passado teve a sua economia focada na exploração do amianto. Após o banimento do mineral no Brasil, as terras raras emergiram com uma nova possibilidade econômica. Ele pontuou que a empresa ainda produz pouco, mas as expectativas para os próximos anos são otimistas. “No auge da produção, que se espera que ocorrerá entre 2027 e 2028, a cidade vai ter muitos recursos, tanto o município, o estado, quanto o país”, disse. Minaçu tem depósito de terras raras em argila iônica Arte/g1 Goiás como referência na produção de terras raras 📈 De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em maio deste ano, Goiás exportou 60 toneladas de terras raras, com valor de US$ 965 mil. Já em fevereiro, foram 419 toneladas, com valor de US$ 5,7 milhões. O estado está em destaque no mapa mundial da mineração. Além da Serra Verde, outra referência no estado corresponde à multinacional peruana Aclara Resources, com um investimento de R$ 2,8 bilhões no município de Nova Roma. “A unidade, com capacidade para processar 250 toneladas de argilas iônicas, tem como objetivo produzir um concentrado de Terras Raras com mais de 95% de pureza”, informou a Secretaria de Indústria, Comércio e Serviço (SIC) ao g1. Segundo o órgão, em Iporá outro investimento milionário também chama atenção. A Appia Rare Earths & Uranium Corp, investiu R$ 550 milhões no município, sendo R$ 50 milhões para a conclusão dos estudos, iniciados em 2018. O projeto almeja gerar mais de 200 empregos. Recentemente, o Japão confirmou o interesse em investir nos minerais goianos. Durante uma reunião com o ministro da Economia, Comércio e Indústria do Japão, Ogushi Masaki, em Tóquio, a SIC recebeu a confirmação do envio de uma missão técnica japonesa a Goiás em agosto para avaliar áreas com potencial de exploração de terras raras. Mineração Serra Verde é considerada a única operação fora da Ásia a produzir em escala comercial quatro elementos magnéticos essenciais Divulgação/Serra Verde 📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás. VÍDEOS: últimas notícias de Goiás